Estudo revela que cesarianas alteram evolução humana

9 Dezembro, 2016

Durante muitos anos, muitas mulheres não conseguiram ter um parto normal bem sucedido, devido ao facto da cabeça do bebé ser desproporcional ao tamanho da sua pélvis, acabando, em muitos casos, por morrer mãe e filho.

Ou seja, ao longo de milhões de anos, o tamanho da cabeça dos bebés e da pélvis feminina determinou quem podia sobreviver ao parto. No entanto, com o aumento generalizado das cesarianas – segundo dados da Pordata, em 2014, cerca de um terço dos partos em Portugal eram feitos através desta cirurgia – este problema deixou de existir.

Uma equipa de investigadores da Áustria e dos Estados Unidos realizou um estudo onde recorreu a um modelo matemático para mostrar que o aumento do recurso a cesarianas ao longo das últimas décadas levou a um aumento da evolução das taxas de desproporção feto-pélvica (aumento do tamanho dos bebés em relação ao canal pélvico da mulher) de 10 a 20%.
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Por outro lado, ao conseguirem dar à luz através de cesariana, as mulheres que antes não conseguiriam ter parto normal, passam também capacidade aos seus filhos os genes que definem as características da pélvis. Ou seja, se a seleção natural era desfavorável para quem tinha uma pélvis pequena, agora esses traços genéticos podem ser passados de geração em geração.

Os dados recolhidos mostram ainda que os bebés mais largos e maiores têm uma maior taxa de sobrevivência e são menos afetados por algumas doenças. Ora, existem duas forças de evolução opostas: por um lado, existem mais mulheres com pélvis estreitas e, por outro, os bebés estão maiores. Se são maiores, têm menor probabilidade de caberem nos canais maternais de nascimento. Desta forma, são precisas cada vez mais cesarianas e assim sucessivamente.

O estudo estima que o número de bebés que não conseguem caber no canal de parto subiu nos últimos 50 ou 60 anos, de 30 em cada 1000 nascimentos, para 60 em 1000. No futuro, os autores esperam que esta tendência de evolução continue, mas, talvez, mais ligeira e lentamente.